Crónicas do Xofred - Um blogue de histórias de birding. Peripécias, twitches e comentários.
Mr Fred's Chronicles - A blog with birding stories. Twitches, mishaps and comments.
O dia começou cedo, com uma visita às sombrias. É uma ave espetacular, que não vejo muitas vezes. Tento sempre aproveitar as idas a Sagres para matar saudades.
Sombria
De seguida avancei para o porto. Era dia de pelágica. As mais de cem pardelas-de-barrete que apareceram deram show. Vocalizaram, mergulharam, nadaram e, curiosamente, até voaram.
Pardela-de-barrete
Pardelas-de-barrete
Caos!
Depois, foi mais um dia na Cabranosa. Lá estávamos nós, no posto de observação a meio da manhã quando, de repente, o João Tiago Tavares, que estava a guiar um grupo de Dinamarqueses a uns cinquenta metros do nosso posto, assobia na nossa direção. Quando viramos a cabeça ele aponta na direção de um falcão, mesmo por cima de nós. Vi um falcão relativamente grande, tipo peregrino mas mais escuro. A ave ainda se demorou por alguns segundos. Como não vejo Eleonora todos os meses, nem todos os anos, confesso que não me apercebi bem do que estava a ver. Os falcões são sempre muito rápidos. Alguém da Strix ou da Ecosativa terá gritado “Eleonora”. Com a minha desconfiança habitual, dirigi-me ao grupo do João Tiago. “Confirmado!” – disse. “Temos fotos e tudo!”.
Falcão-de-Eleonora (foto João Tiago Tavares)
Bum! A minha terceira observação de sempre, e pertíssimo. Como exigente que sou, fiquei aborrecido por não o ter reconhecido imediatamente. Enfim, nada é perfeito.
Falcão-de-Eleonora (foto João Tiago Tavares)
26/09 Sagres Mais um dia de trabalho
Foi um dia “normal” na Cabranosa. Passaram duas cegonhas pretas, dois abutres-do-Egito, quatro pernis, uma Bonelli, um cyaneus, um açor, entre outras coisas. Tudo “normal”.
Bútio-vespeiro Frankenstein
No Facebook limitei-me a colocar “Mais um dia de trabalho…”, com umas fotos razoáveis da bonelli – um juvenil – e de um pernis, entre outros.
Águia-de-Bonelli juvenil
Foi com base neste post que, dias mais à frente, me começaram a questionar se o “Trabalho” estava a correr bem. O Georg, por exemplo, com os seus “rrr” carregados. “O Trrrrabalho está a correr beem?
Deixo aqui um agradecimento ao João Tiago pelas fotos e pelo assobio. Abraço! #canaldoxofred
Este ano, as férias de birding no
Algarve foram memoráveis. Talvez as melhores de sempre. Quase três
semanas completas, que tiveram direito a duas lifers, um novo amigo, posts no
Facebook e muitas aves de qualidade. Muitas peripécias, emoção e,
sobretudo, diversão com fartura. Os acontecimentos desenrolaram-se em
crescendo de dia para dia. Nada fazia prever o que se passou e ainda por
cima começou tudo muito mal. Logo ao fim de três dias, o meu bem-amado
Leica levou um chuto do vento e caiu ao chão. A óptica sobreviveu, mas
partiu-se uma peça importante. Catástrofe! Já ia entrar em despesa.
Fiquei aborrecido mas, curiosamente, a fúria não se instalou e, melhor
ainda, não entrei em depressão. Não é que um telescópio seja essencial
na actividade, mas ajuda muito, sobretudo em locais como os Salgados e a
Cabranosa. Com alguma arte e engenho e sorte, claro, passadas 48 horas
tinha na mão um Opticron Travelscope. Leica, até já.
Mas
tristezas leva-as o vento. Adiante com as férias. A partir de certo
ponto, quase tudo o que se passava era tão inusitado que resolvi
escrever um relato.
Aqui está o que se passou, pelo menos em alguns dos dias. E juro, é tudo verdade!
22/09 Salgados Cegonha-Preta!
Mais um dia de birding onde tudo se parecia encaminhar para a normalidade. Contudo, desta vez o Lars tinha combinado ir ter comigo à tarde. É sempre bom contar com reforços. A volta foi a do costume. Primeiro no observatório, que estava fraco. Eu sugeri que fossemos para o passadiço. Sempre se via mais qualquer coisa… E lá fomos observando e conversando. De repente, o Lars solta um “cegonha-preta!” Terei achado que ele estaria a falar de uma cegonha-preta em geral? Penso que o meu cérebro não processou a informação por ser demasiado estranha. A verdade é que não reagi. Então ele repete “está ali uma cegonha-preta!”. E estava.
“Onde?” – perguntei. “Ali em voo!” – respondeu. Com os nervos, ainda demorei alguns segundos a perceber as indicações. Vi-a em voo e a pousar na margem da lagoa. Alguns alemães curiosos quiseram saber do que se tratava, e nós lá mostrámos. Até em alemão falei, para chamar uma senhora para ver no meu telescópio. O Lars avisou o Tiago Guerreiro e o Carl Hawker. O Carl – que eu não conhecia - demorou cerca de dez minutos a chegar. Conseguiu ver o animal sem dificuldade. Já o Tiago teve mais problemas. Chegou meia hora antes de escurecer, e o bicho já tinha ido à sua vida. Ele lá ficou, com o seu braço partido e cara desconsolada. Eu ainda tentei animá-lo ao dizer que, uma vez que a cegonha já tinha desaparecido de vista por uns minutos e reaparecido uma vez, podia ser que voltasse a fazer o mesmo. E fez. Toda a gente ficou contente, com boas observações de um juvenil de cegonha-preta.
Esta foi a minha primeira observação desta espécie nos Salgados. Terá sido aí que comecei a perceber que estas férias não iriam ser iguais às outras? A verdade é que fiquei entusiasmado e fiz o meu primeiro post no Facebook do que viria mais tarde a ser chamada a “série mete-nojo” por alguns amigos. Nada de especial, apenas um lacónico “Cegonha-preta, Salgados. Apenas uma foto de registo. Não se vêm muitas no local”.
14:00 Mail do raridades (Nelson Fonseca) - Limicola falcinellus na ETAR da companheira 14:01 SMS para Pedro Ramalho - Comeke vamos ao falcinellus agora? 14:02 SMS de resposta - Qual falcinellus? Assim começou mais um twitch memorável (mítico, nas palavras do Pedro Ramalho). A
angariação com tão pouca antecedência não correu muito bem e seguimos
para Portimão com uma equipa reduzida de dois elementos, eu e o Pedro. Saímos
de Lisboa por volta das 15h30. Durante a viagem ficou claro que não
iria ser um twitch fácil por várias razões. A maré estava baixa, os
acessos ao local eram complicados, para dizer o mínimo, e teríamos pouco
tempo para procurar o bicho. Mesmo assim, após uma última deliberação,
decidimos avançar. Quem não arrisca, não petisca. Falta dizer que o
joelho continuava a não estar recuperado e que saí de casa
preocupadíssimo e com a minha mulher preocupada pelas mesmas razões.
Seria desta que acabava com o joelho de vez?
Limicola falcinellus (foto Nuno dos Santos)
Durante a viagem
contactámos o Nelson Fonseca, descobridor da ave, e o Nuno dos Santos,
um birder/twitcher algarvio que chegou ao local antes de nós. Cada vez
estava mais claro que não iria ser fácil. Os acessos mais próximos
estavam vedados e iríamos ter de caminhar cerca de dois quilómetros para
chegar ao local onde a ave tinha sido avistada. E nem um portimonense
que encontrámos no local conseguiu ajudar muito. O atalho que ele propôs
e nós seguimos era mais um trabalho do que um atalho. Pobre joelho... Ao
fim de meia-hora de caminho, lá chegámos ao tanque pretendido. Como
previsto, já lá estava o Nuno dos Santos, acompanhado do Lars Gonçalves,
outro birder algarvio. Da ave nem sinal. Procurámos, procurámos e nada.
Uns albas em muda ainda deram para assustar, mas faltava o o pequeno
pormenor do supracílio em V. Começou a pairar no ar a sensação de
fracasso. O ambiente estava pesado. Entre outras pérolas, ouviu-se
"estamos f***dos... Uns mais que outros!", "então? vamos embora?". Passada
uma hora, resolvemos voltar para trás e verificar a vaza do rio, para
procurar nos bandos de limícolas e ver se o falcinellus estaria com
eles. Ao fim de umas centenas de metros, e dada a pouca abundância de
aves, o Pedro Ramalho saíu-se com a frase "ainda temos meia-hora de luz,
vou voltar para trás e procurar uma última vez". Também sugeriu que eu
ficasse para trás, para não esforçar ainda mais a minha articulação
doente. Eles avisavam-me em caso de haver novidade.
Limicola falcinellus (foto Nuno dos Santos)
E pronto. Foi assim, sem mais nem menos, que entrámos na twilight zone. Eu
fiquei a vê-los ir andando, e liguei à minha mulher a contar-lhe do
fracasso. Eles cada vez mais longe e eu cada vez mais só. Comecei a
lembrar-me de outro twitch mítico, o do abelharuco-persa, em que foi
precisamente quando nos separámos que o bicho resolveu aparecer. E
qualquer coisa na minha cabeça me disse, exactamente nesse momento, que
não ia sair de Portimão sem o bicho. De repente fiquei convencido que
iria, de alguma maneira, ver um Limicola falcinellus nesse dia. As aves do rio eram poucas e resolvi ir vendo o que eles faziam com os binóculos. Durante
uns dez minutos vi o Pedro Ramalho e o Nuno dos Santos irem espreitando
pelos telescópios e o Lars a olhar alternadamente pelos binóculos e
para o rio. Tudo indicava que não havia ave à vista. Até que, de
repente, os vejo mais concentrados e o Pedro a pegar subitamente em
qualquer coisa, que assumi ser um telemóvel. O meu telefone tocou,
dizia "Pedro Ramalho". Quando atendi, só ouvi uma palavra "CORRE!!!". Correr,
não corri, mas andei bastante rápido. Quando cheguei ao pé deles, o
bicho não estava à vista. Ainda soltei um mais que adequado
"f***a-se!!!", mas o bicho portou-se bem e reapareceu passado dois
minutos. E o resto é história. Com o sol a pôr-se não conseguimos grandes fotos nem filmes mas, lá está, o óptimo nem sempre é possível. Já
com a barriga cheia, fomos jantar num shopping local. Seguimos para
cima tarde e a más horas. Nesse dia dormi descansado. Todos os malandros
têm sorte. E o joelho? Esse também sobreviveu... Deixo aqui um agradecimento ao Nuno dos Santos pelas fotos. Abraço! #canaldoxofred
O Sula leucogaster ou Alcatraz-pardo era, desde há uns anos, uma ave do topo da minha
lista de desejos.
Acabei por a conseguir ver no Brasil em 2016, em Ubatuba, mas
bastante longe e em voo, o que só aumentou o meu desejo de a observar com mais
qualidade.
No dia 26/07/2016, uma terça-feira - é sempre durante a semana - caiu do céu
aos trambolhões a notícia de um Sula em Sesimbra, numa zona bastante
inacessível, a Cova do Calhau. Observado no Sábado anterior por alguns
praticantes de caminhada como o José Pedro Calheiros, Pedro Sousa, que o
fotografou, e outros. Segundo consta, terão achado o bicho esquisito, e
resolveram averiguar. Apareceu a foto no grupo do Facebook "Aves de
Portugal" e o resto é história.
De imediato, começaram as movimentações por parte dos aficionados para tentar
ver o animal. Os esforços iniciais dos mais afoitos começaram logo no dia
seguinte, quarta-feira, mas foram infrutíferos. Além disso, também ficou mais
que confirmada a inacessibilidade do local.
Do sucedido resultou uma ideia do Luis Gordinho, de tentar
localizar o sula por mar. Achei a ideia interessante, e disponibilizei-me de
imediato para participar nesse esforço. No domingo 31, lá fizemos essa
tentativa. Eu, o Luis e o Pedro Inácio, que se juntou ao grupo.
A verdade
é que não tivemos sucesso. Seja por não termos ido à melhor hora, ou por não
nos termos concentrado numa zona específica, ou por realmente ele não estar por
lá, ou porque resolveu estragar os planos, do bicho nem sinal. Nem por terra nem por mar. Aparentemente já teria ido à sua vida.
E assim, com os dias a passar um após o outro, o Sula foi caindo no esquecimento. Longe da vista,
longe do coração.
Mas, como com bichos as previsões saem
quase sempre furadas, no dia 25/09/2016, um domingo à noite, surge a notícia, via José
Frade, de que o bicho estava de volta ao local. Teria sido avistado no sábado
por alguém de uma empresa de mergulho que passou de barco perto das rochas
referenciadas como pouso habitual. Dois meses depois da notícia inicial.
Como parêntesis, há que referir que eu tinha
ido de férias para o Algarve precisamente no dia 24/09, e que só planeava voltar domingo, dia 09/10. A vida de um twitcher nunca é fácil. Lá fiquei eu no Algarve
a roer as unhas enquanto a malta ia vendo o Sula cá em cima.
No dia seguinte, uma segunda, o Pedro
Ramalho e o Luis Gordinho conseguem finalmente o tick. O José Frade e outros
conseguem fotos espetaculares a partir de um barco. E a lista continuou, comigo
a assistir de longe, em sofrimento. Nem a minha observação de uma felosa-boreal,
a segunda de sempre em Portugal, em conjunto com o António Gonçalves, me
conseguiu fazer esquecer o “Sula de Sesimbra”.
As observações continuaram a bom ritmo.
Com mais ou menos dificuldade, a certa altura já toda a gente tinha visto o
bicho. Menos eu. Resolvi vir para cima um dia mais cedo, para poder tentar o bicho
no domingo. A última observação conhecida na altura era a do Miguel Berkemeier,
na quarta dia 5/10. Havia, portanto, uma boa possibilidade. Ele já se tinha aguentado
lá tanto tempo…
E dia 9/10 eu, a Sandra, o José Frade e a
Ana Isabel Frade combinámos ir em conjunto. Quando chegámos ao posto de observação cá
de cima, nada. Esperámos meia hora, nada. Resolvemos descer a ravina, uma
autêntica descida aos infernos. Chegámos lá abaixo, nada. Esperámos duas horas,
nada. Havia que dizê-lo com frontalidade, estávamos à vista de um falhanço. Os trinta
quilómetros de regresso a casa pareceram trezentos. Esta doeu, mesmo
fisicamente.
Não satisfeito, e como a esperança é a
última a morrer, ainda lá voltámos no sábado seguinte, dia 15. Nada feito.
Dessa vez, ficámos cá em cima a observar e esperámos notícias por parte de
outros observadores – João Tomás e Francisco Fernandes - que desceram lá
abaixo. Nada de nada. Novo dip. Novo regresso a casa penoso.
Custou, mas mais vale de Sesimbra do de
que Esposende…
E foi com todo este histórico que
chegámos a 22 de Fevereiro de 2017, dia em que o Gonçalo Elias, via grupo
raridades, passa a notícia de que o Paulo Catry, de barco, teria avistado o
sula no sítio do costume. Realmente não se pode estar descansado, nem há previsão
que resista à imprevisibilidade dos bichos. Mais uma vez a notícia surge durante
a semana, numa quarta à noite. Até sábado havia uma longa espera. Será que o Sula
podia esperar?
Os dias 23 e 24 mais pareceram ter 24
dias em vez de 24 horas cada um, mas lá acabaram por passar. E enfim chegámos ao dia 25, à
minha quarta tentativa para ver “o desejado”.
Após uma
noite mal dormida - mais uma - acordámos às 6 da manhã, com o objetivo de sair
às 6h30.
Senti-me calmo e descontraído. Não estava nervoso nem stressado.
Não tive muita pressa, o que acabou por resultar numa saída por volta das 6h40.
Já na garagem lembrei-me que me faltava a água e as bolachas. Voltei a casa.
Mais cinco minutos de atraso.
Seguimos para Sesimbra numa viagem sem história e estacionámos no
início do trilho. Seria desta? Teria de voltar a descer aquela ravina infernal?
Começámos a andar. Ao fim de cinco minutos lembrei-me que tinha
deixado os sticks de treking no carro. E desta vez iria mesmo precisar deles,
uma vez que o joelho não estava muito contente. Durante a semana tinha havido
ida ao ginásio, inúmeras escadas no Estádio da Luz, metro, enfim...
Mais dez minutos de atraso. Decididamente, não estávamos a começar
bem.
Aí veio-me à cabeça um dos últimos twitches, em que o Pedro
Nicolau adormeceu, esqueceu-se de quase tudo excepto da cabeça, estava coxo,
etc. Tivemos um atraso de mais de uma hora em relação ao previsto. Mas, a
verdade, é que no final vimos o bicho. E nem sequer foi no final, foi logo à
chegada.
Seria um sinal para o Sula?
Lá regressei com os sticks. A meio caminho ouvi o que me pareceu
ser uma felosinha-ibérica. Parei para confirmar e tirar uma foto. Mais um
atrasozito. A Sandra, mais tarde, disse-me que na altura pensou se eu estaria
parvo, ao parar para uma felosinha.
E lá chegámos ao posto de observação de cima, com vista sobre o
rochedo, por volta das 8h15, uma hora depois do nascer do sol.
Que surpresa! O Sula não estava lá, ou pelo menos não estava à
vista. Só os corvos-marinhos e as gaivotas do costume. Ou seja, o meu
pensamento na altura foi "onde é que eu já vi este filme?"
Começámos a fazer contas para decidir a que horas começar a
descida, no caso do bicho não aparecer enquanto estivéssemos ali em cima, no
"anfiteatro". Decidimos que, pelo menos até às 9h30 não nos íamos
mexer. E lá nos instalámos, no "conforto" do monte de pedras.
Começámos a espera. Leia-se, "a seca". Nas duas tentativas anteriores
tinha sido mesmo uma grande "seca", com o bónus de uma descida aos
infernos.
Não se passou nada de especial durante um bocado. O movimento do
costume. Corvo para cá, gaivota para lá. Corvo no rochedo levanta a cabeça,
gaivota poisa no rochedo. Então, por volta das 8h30 ouvimos um grasnar
esquisito, que não reconhecemos. Vinha de lá. Mais uma volta com os binóculos e
sem saber muito bem como, o Sula materializou-se. Lá estava ele, tal e qual
como uma cópia do desenho do guia. Nessas alturas, temos de olhar várias vezes
e voltar a olhar, para finalmente acreditarmos no que estamos a ver. Mas não,
não era uma miragem. O bicho continuava lá. "Olha! O bicho está ali!",
disse eu à Sandra. Sim. Nada de muito lapidar, "o bicho está ali! "
foi só o que saiu. E lá começou a fase dois, de ver bem, e a três, de
documentar. Felizmente, conseguimos fazer isso tudo. O único senão foi o bicho
estar distante. Mas, como dizia alguém "tomaram muitos!". O ótimo é
inimigo do bom.
O Sula esteve à vista até às 8h55, altura em que resolveu ir para
o outro lado do rochedo. Ah malandro! Então foi daí que apareceste?! Estava
explicada a materialização meia hora antes.
Vitória!!!
Ele ainda resolveu voar em redor por uns instantes, mas pousou
sempre fora da vista, do "lado negro" da rocha.
Ainda esperámos até às 11h, para ver se ele resolvia aparecer, mas
nada. Nem barcos nem mergulhadores. Nada o moveu.
Confesso que ainda hesitei a pensar se descia outra vez lá abaixo
pela ravina do inferno, mas foi só por uns segundos. Desta vez o joelho podia
descansar. Não convém abusar da sorte.
A grande lição desta aventura é que, pelos vistos, o melhor é
estar descontraído. Os bichos fazem o que bem lhes apetece.