28/09 Sagres
A Equipa Maravilha
A Equipa Maravilha
Lá chegou o dia em que ia estar na Cabranosa com o que chamei de
“Equipa Maravilha” no meu “post mete-nojo” do dia anterior.
Comecei por passar no Vale Santo, onde voltei a ver os
borrelhos-ruivos. “Isto começa bem!”, pensei. Ainda por cima, vim a saber que
houve pessoas que foram antes de mim e depois de mim ao mesmo local e não os
viram.
Quando cheguei, já o Alexandre e o Carlos estavam no
posto. O Alexandre até me agradeceu o elogio do dia anterior.
Aqui cabe recordar a primeira vez que fui à Cabranosa, penso que
em Setembro de 2009. Depois de alguma dificuldade em negociar o caminho que não
conhecia com o carro muito baixo, lá estacionámos. Sim, fui com a Sandra dessa
vez. Na altura aquilo não era tão concorrido como é hoje. Vejo uma figura
solitária no monte, com um chapéu de cowboy. Quando lá chegámos, apresentei-me
e fiquei a saber que estava a falar com o Alexandre Hespanhol Leitão. Saiu-me a
pergunta “Este é que é o ponto de observação da Cabranosa?”. “Sim.” –
respondeu. “Mas isto aqui, para se ver alguma coisa tem de se ter telescópio,
não?”, perguntei. A resposta veio de seguida. “Nem por isso. Repare naquelas
duas cobreiras ali”. Ao fim de tentar uns longos segundos, lá consegui ver
dois “mosquitos” no céu e pensei “bom, se não é preciso telescópio para aquilo
então devo mesmo ser uma nódoa, ou este gajo é o maior”. Ficámos lá apenas uns
minutos. Percebi que tinha mesmo de comprar um telescópio. A Sandra terá ficado
a pensar que se era para ver mosquitos não voltava mais ali. Também não fiquei
muito impressionado com a simpatia do Alexandre. Realmente não é uma das suas
qualidades, sobretudo numa primeira abordagem. Ele diz que melhorou isso com o
tempo. Será? A verdade é que hoje em dia, depois de ter estado com ele
múltiplas vezes, no campo e fora, sei que é um observador “top” e um “gajo
impecável”. Além disso, dizem que tem sorte. Pode ser verdade mas, a sorte dá
muito trabalho.
Voltando a 28/09, o dia não estava grande coisa. Muito calor, as
aves muito distantes. Na Cabranosa, o que se via aparecia longe, sem aviso,
mesmo por cima das nossas cabeças. O céu sem uma única nuvem tornava ainda mais
difícil o “trabalho”. Mas a conversa é sempre animada quando a malta já se
conhece e tem os mesmos interesses. E, com os estrangeiros que vão aparecendo,
sempre dá para treinar línguas.
Por volta do meio-dia, o Alexandre viu um "mosquito" ao longe. A
brincar disse “Olha a Pomarina!”, e tentou apanhar o "mosquito" no telescópio.
Quando conseguiu, após uns segundos disse “Olha! Olha… Se calhar é mesmo!” Tentei
apanhá-la no meu telescópio, sem sucesso. Nos binóculos consegui, mas era pouco
mais que um mosquito. Via-se bem a cor geral escura e a postura com as asas
descaídas, bem como a forma de voo particular, que já tinha observado na Europa de
Leste. Acabei por usar o telescópio do Alexandre, onde consegui ver tudo o que
referi, e ainda a “ferradura” na base da cauda. Ainda deu para ver mais uns
detalhes no telescópio do Carlos. O bicho estava longe, mas lá que era uma Águia-pomarina, era. Confirmada pelo Alexandre, pelo Carlos e por mim. Bum!!!
Nem consigo descrever a excitação, adrenalina, e mais umas quantas
coisas que senti na altura. Também alívio. Apesar de ser “apenas” uma lifer
para Portugal, era um objetivo que já perseguia de uma forma séria há pelo
menos cinco anos, e que tinha falhado no ano anterior por dois dias. Exige um
sacrifício de dias inteiros de calor, frio, às vezes aborrecimento, num posto
fixo. Isso e a sorte de estar lá no dia em que a coisa acontece. Ou então a
sorte monumental, que não tive, de estar lá uma ou duas vezes e sair logo o
primeiro prémio.
Não voltei para casa sem um convite do Alexandre para beber uma
cerveja na casa da Strix, com o pessoal. Soube que nem ginjas…Fui para casa nas
nuvens. Estava mais que visto que estas férias iriam ser inesquecíveis.
O dia acabou com mais um “post mete nojo”. Este sim, já bastante
merecedor do epíteto.
“Hoje aquilo na Cabranosa estava mau. Ah! É verdade…Viu-se uma
pomarina. Quase que me esquecia. À 39ª foi de vez.”
#canaldoxofred
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