Sexta-feira. Depois do enxerto do dia anterior, ao contrário do que pensava, acordei vivo. Tudo um bocado dorido mas, ainda conseguia andar. Os joelhos ainda mexiam e sem grande dor.
Desci para o pequeno almoço com o livrinho do Andy Paterson. Lembro-me de o Alexandre dizer que realmente três pelágicas daquelas seguidas são o limite. Concordei de imediato. Uma quarta seria quase impossível de aguentar, pelo menos para a maioria dos humanos.
Moleiro-rabilongo (Stercorarius longicaudus) |
Os Suíços passaram no hall e, ao ver o meu livro aberto sobre a mesa, sorriram e dispararam, no gozo:
-Então? Já chegaram à conclusão de que é um rabilongo?
Lembrei-me de pedir ajuda a um contacto internacional, com muita experiência em moleiros e marítimas em geral e já com trabalho publicado em revistas de referência. Os amigos - neste caso do Facebook - são para as ocasiões. A resposta tardou pouco mais de uma hora, e foi taxativa.
Para ele era, sem dúvida, um rabilongo de segundo ano. Por várias razões, que me escuso de reproduzir aqui na totalidade. É curioso uma delas ser o facto de ter apenas dois shafts brancos nas duas primárias exteriores, característica que me tinha chamado a atenção no dia anterior. Ainda rematou a dizer que, pondo tudo nos pratos da balança, não via nada que pudesse indicar um parasítico. E esta, Hein?
Moleiro-rabilongo (Stercorarius longicaudus) |
Com as três pelágicas cumpridas nos dias planeados, os dois dias que tínhamos de reserva estavam completamente livres. Saímos do hotel e fomos, praticamente, dar a volta à ilha em oitenta dias ou, neste caso, em pouco mais de oitenta minutos. Os lugares sucederam-se, uns atrás dos outros. São Vicente, onde finalmente vimos alguns garajaus-rosados.
Garajau-rosado (Sterna dougalii) |
Porto Moniz, onde não vimos nada. Garganta Funda, onde se viu uma garganta funda e pouco mais mas, só pela vista, valeu a pena. Dispensam-se as piadas, neste caso. Ponta do Pargo, onde parámos para almoçar e, acabámos por ficar a tarde quase toda. Aí, além da vista, é também um bom sítio para os corre-caminho, que vimos mal saímos do carro. Foi uma tarde bem passada. No regresso a Machico parámos na Ponta-do-Sol, onde percebemos rapidamente que não valia a pena lá voltar no dia seguinte.
Garganta-funda |
Freira-da-Madeira - O som no Pico do Areeiro
Gravação do Alexandre Rica Cardoso
Gravação do Alexandre Rica Cardoso
Antes dessa saída, ainda consegui falar com um dos companheiros do barco, o James, que me disse, descontraidamente, que nessa manhã tinha apanhado um barco na Ponta de S. Lourenço e que tinha visto um lobo-marinho durante mais de uma hora. “Como disse?!”
Garajau-rosado (Sterna dougalii) Foto Luís Rodrigues |
-Pessoal, amanhã temos de ir tentar ver um lobo-marinho à Ponta de S. Lourenço!
#canaldoxofred
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